quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A arte do viver

Ao longo do meu percurso acadêmico me confrontei com textos de vários autores e principalmente com os das obras de Freud, que me transportava para grandes momentos de reflexão a respeito da arte do viver e dos modos de adoecer. Subseqüentemente era levadada a acreditar, que, para praticar tal arte o individuo deve possuir um estado de saúde mental, mesmo que mínimo, para poder suportar toda a dor que vem do próprio fato de viver.

Porém, pensar num estado de saúde mental, capaz de dar conta de toda complexidade que o viver exige é uma outra problemática, pois, a tentativa de compor uma formula certa para distinguir a vida psíquica na condição de saudável, exigiria negarmos a singularidade de cada indivíduo. Portanto, compreender a forma de organização psíquica que contribua para que o sujeito tenha condição de enfrentar árdua luta do viver de modo a ganhar existência subjetiva, pode transcender a qualquer saber. Deleuze ([1925]1995), em Crítica e Clínica, declama. “Qual saúde bastaria para libertar a vida em toda parte onde esteja aprisionado pelo homem, pelos organismos e gêneros e no interior deles?”.

Acredito que o mais recomendável ao entrarmos neste campo da saúde psíquica, é pensar no que é, ou no que foi possível para um individuo criar como estratégias de sobrevivência, como barreira de proteção ou “escudo protetor” para se defender de suas dores e das exigências da vida e poder seguir vivendo.

E assim como há uma complexidade exigida no ato de viver, ao pensarmos no adoecer como efeito dessa exaurida atividade, que é sentida não só no corpo físico, mas, principalmente no campo psíquico, requer que tenhamos cuidado para descrever todos os processos aí implicados, e não reduzir nem para o âmbito do psiquismo, nem tampouco para o do biológico. Contudo, cabe que elaboremos uma profunda analise a respeito do modo como o ser humano vai criando formas de organizar-se, entendendo que desde o inicio da vida, ele foi marcado pelas historias, dramas e pelo investimento e funcionamento pulsional, daqueles que deram suporte ao seu existir.


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