domingo, 11 de dezembro de 2016

O mais-um do cartel (escola lacaniana)

Quero expor nesse texto a cerca do cartel, que funciona como um dispositivo fundamental na escola de Lacan no que se refere a formação do analista.  O cartel é um grupo de estudo, que se distingue dos grupos de estudos acadêmico, pois ao contrario desse ultimo que tem como objetivo coletivizar o saber, unificando os significantes em detrimento de um sentido, o sentido que se pressupõe no cartel é o “nonsense”, o sem-sentido, pois é ele que constitui o ponto de partida para a produção no cartel.
Compartilho com vocês um pequeno recorte a cerca da diretrize  do cartel, que se encontra no site da  champlacanien.net:
O Cartel foi proposto por Lacan como órgão de base de trabalho da Escola sobre a psicanálise. Trata-se de um pequeno grupo de quatro pessoas (eventualmente 3 ou 5), mais uma, eleita pelos quatro, encarregada de sustentar o trabalho variado de cada um e velar pelo seu término. 
O objetivo é duplo: em primeiro lugar favorecer para cada um, em sua própria medida, o esforço para pensar ativamente a psicanálise, sua teoria e sua prática, com a finalidade de não permanecer na posição de consumidor de textos e de diversos ensinos. Ainda que estes façam parte integrante da formação, não são suficientes. Por consequência, permitir que as elaborações individuais, abertas a todas as errâncias no isolamento, se confrontem no trabalho em comum, com outros; e basta um pequeno número para que cada um ali esteja em seu próprio nome, e que ali seja possível uma efetiva "transferência de trabalho".
A compreensão do cartel se torna ainda mais difícil quando tratamos da função do mais-um. O mais-um é um elemento que pertence ao conjunto, tendo a função de constituí-lo e fazê-lo funcionar. Podemos pensa-lo pela formula borromeana do cartel: X + 1, em que ao se retirar o +1 do nó borromeano se obtém a individualização completa dos elementos. Sendo assim, não existe uma homogeneização dos elementos, cada condição se conta e se fundamenta uma a uma, cada qual sendo considerada individualmente e em relação a outra. 
Não podemos de maneira nenhuma supor o mais-um como o Outro do saber, visto que essa suposição invalidaria a invenção esperada de cada Um. O mais-um é simplesmente um a mais, um lembre de estrutura. Cito Dominique Fingermann
Presentificação, incarnação da falta: objeto a pode muito bem escrever este ponto do grupo incarnado pelo Mais-um, e ao qual cada um se identifica como a causa do funcionamento deste laço peculiar. O Mais-um também figura o conjunto vazio, enquanto é elemento, mais um, de qualquer conjunto. É assim que a função do Mais-um, antepara o recurso ao Discurso do Mestre e proporciona o trabalho de invenção de cada um.
Portanto, o mais-um como menos-um é aquele que descompleta, que aponta para a falta, e que esta submetido à logica do não-todo. O mais-um que mantem vazio o lugar de objeto, para manter vivo o desejo de saber.



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